24 julho 2014

"Foi quando o meu pai me disse: ..."



Dizem que os Border são aqueles chamados de Ovelhas Negras... sempre achei as ovelhas negras as pessoas mais normais e certas do que muitos "normais".

Nunca fui do tipo que dava trabalho na adolescência, não tive muitos namorados, não era de fumar ou beber de dar show, minhas rebeldias se resumiam a sair escondido dos mais pai para ir em baladas, de ter amizades com pessoas que não eram da igreja (já que cresci na igreja e meu pai é pastor), gostar de rock e não ser um primor de filha - delicada, atenciosa, companheira, feminina, prestativa, blablabla...

Me lembro de uma época no final da minha adolescência que fiquei um tempo sem falar com meu pai e ele comigo. Minha mãe quase enlouqueceu. Não entendia como aquilo era possível, já tinha lido vários livros sobre relacionamento, adolescentes problemáticos, famílias desestruturadas e não entendia como uma menina que teve de tudo, recebeu tudo do bom e do melhor, que não foi educada daquela maneira agora parecia outra pessoa.

Não tenho muitas recordações de momentos específicos, mas os poucos que tenho guardados parecem como se tivessem acabado de acontecer. Nunca saiu da minha cabeça a cena quando meu pai me chamou na sala para conversar sobre a situação, eu sentei no sofá enquanto minha mãe estava sentada numa cadeira de frente pra mim e ele em pé atrás dela. Sabe aquelas fotos antigas de casais onde os dois estão olhando para o horizonte, o homem em sua virilidade e a esposa em sua submissão "felizes". Daquela conversa a única memória que tenho é dessa cena e de suas palavras: "olha pra você, se continuar assim não terá ninguém do seu lado, eu e sua mãe temos um ao outro, mas você não tem ninguém."

Verdade, talvez essa tenha sido a maior verdade que um pai pode assumir a um filho. É fácil viver na ilusão de família perfeita, onde todos são educados e unidos, se amam e se cuidam mutuamente e todos os dias são como os comerciais de Doriana. Difícil é assumir que por ser diferente eu posso não gostar de você e não te apoiar por isso.

Justo? Eu não acho que seja justo, afinal eles são meus pais, são aqueles que a gente espera apoio incondicional para o resto da vida. Mas o que é justo nesta vida? Todos temos nossos problemas, nossos limites, nossos gostos e prefêrencias. E como já dizia Renato Russo: "Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo. São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer?"

22 julho 2014

Fail


Aff, já não basta estar a tanto tempo sem postar nada no blog, quando resolvo render em alguma coisa parece que tudo conspira para dar errado!!!

Vamos por partes:

Faz quase um mês que precisei pedir dinheiro emprestado ao meu pai para poder investir na minha carreira. Como já não bastasse a frustração por isso, prometi voltar a prestar serviço como desingner para poder devolver o dinheiro a ele o quanto antes.
Ele, claro, ficou empolgadíssimo, enquanto eu me revirava por dentro pensando em como resolver milhõies de coisas para ter condições de voltar a fazer este trabalhos.
Uma delas como fazer meu computador voltar a funcionar depois de mais de 2 anos parado. Bom, consegui resolver esta parte, mas claro ultrapassando o prazo que eu mesma havia dito que entregaria o trabalho...

Neste período sumi do alcance de todos, geralmente nestes momentos me isolo completamente, mas como se tratava de trabalho não poderia ficar sem dar satisfação desta maneira. Com isso, em pleno domingo, final da Copa do Mundo de 2014, no intervalo de primeiro para o segundo tempo, o interfone toca. Quem em sã consciência interfonaria justo naquela hora? MEU PAI, of course!!! Como não conseguiu falar comigo no decorrer da semana veio pessoalmente tratar sobre trabalho!!! Não é lindo??? NÃO, sabe por que??? Já fazia mais de 4 anos que ele nunca mais veio me visitar em casa, seja por motivo que fosse...... mas lógico, para falar de trabalho ele lembra onde eu moro......
Bom, me fingi de educada, tratei sobre novos prazos com ele novamente e prometi que deixaria o telefone de casa e celular ligado sempre. Acredite, depois que ele foi embora ainda me ligou mais de 5 vezes nos 2 telefones......
Com tudo combinado, passei a semana sentada na frente do computador, sabendo que precisava trabalhar, mas sem.... como posso dizer? inspiração, vontade, saco!!! Simplesmente não fui capaz de ordenar minhas ideias de maneira que soubesse o que era prioridade ou não...... não sabia por onde começar, o que fazer, nada!!! E olha que trabalhei nessa área a mais de 11 anos!
Nova semana começou (ontem), compartilhei tudo isso com minha psicóloga e enfrentei a editora de frente, ligando pra eles e me dispondo a devolver os trabalhos já que assumia que não tinha cumprido os prazos. Mais uma vez tive um voto de confiança para fazer aquilo que estava ao meu alcance e entregar o que tivesse conseguido. Lindo né? NÃÃÃOOOO!
Mais uma vez não consegui fazer nada!!! Até tentei, abri os programas, procurei imagens, tive uma idéia na cabeça mas o computador simplesmente não andava!!!! Mil anos para abrir um arquivo, mais mil anos para dar um efeito, mais mil anos para copiar uma imagem, aaaaiiiii extremamente frustrante!!!!
Não aguento ter que esperar com milhões de idéias na cabeça e principalmente com prazo de entregar o quanto antes para não me queimar novamente!!!

Até que desisti, vou assumir a eles que não tenho condiçoes de fazer este tipo de trabalho, pelo menos agora, devolver o que me passaram, aceitar minha condição e seguir com o que realmente posso fazer. mas isso implica em milhões de outras coisa, como por exemplo ficar sem dinheiro tanto para devolver para meu pai quanto para investir em meu outro trabalho.

Meu marido tem me incentivado muito, até tentou me animar falando que sou muito mais competente do que imagino, mas pra mim tudo soa como uma pressão imensa por conta da questão financeira.

Acredite, estou tão tensa que até um pedaço do mu dente eu quebrei mascando chiclete agora.....


E eu só estava tentando ser responsável e colocar minha vida financeira em ordem...... FRUSTRANTE!!!

13 junho 2014

Sexta-Feira 13


Ainda dá tempo de postar algo em plena sexta-feira 13, com Lua Cheia? Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmm

Nada de maldições ou Lendas Urbanas. Dedico este dia ao Said, meu nenê, meu amorzinho, gatinho mais fofo e bonzinho de todo o Universo (muito amor né? Sãos inspirações dos Dias dos Namorados ainda).

Aprendi a dar e receber amor incondicional com este serzinho que adotei no hospital veterinário em frente de casa. Amor infinito!

Um ótimo final de semana!

30 maio 2014

Mindfulness - Aprenda Meditação "Atenção Plena"

Mindfulness - se permita desfrutar do momento presente

A única dimensão onde vivemos de verdade é o presente, cada vez que ficamos presos ao passado, dos arrependimentos, mágoas e memórias mal elaboradas perdemos a chance de contactar a vitalidade do presente, o espaço onde podemos circular e dele tirar proveito para crescermos. Se vivermos apenas antenados no futuro, ansiosos, fazendo mil planos e sem atuar no presente, apenas experienciamos aflições e não colhemos frutos na exata proporção dos esforços e sofrimento." - por Regina Wielenska, no site http://www2.uol.com.br/vyaestelar

Li recentemente em livros a respeito do TPB que a técnica de meditação chamada Mindfulness é um excelente exercício a ser considerado para a melhora de diversos sintomas como stress, angústia e depressão.

Minha vida toda nunca cheguei a ter acesso a nada relacionado a qualquer tipo de meditação, entendendo que essa era uma prática relacionada a religiões como o Budismo ou coisas relacionadas à Índia. Mas desde a minha separação tenho me dado a chance de experimentar, de ser curiosa sobre os vários mundos que nos rodeiam, me dando a liberdade de aprender mais.

E meditação é algo que venho tentado incorporar a minha vida há alguns anos mas sem sucesso efetivo ...rs. O máximo que consegui atingir até agora foi me concentrar durante 1h e 10min em alguns acordes que prometem equilibras os 7 chacras do corpo, deitada em minha cama ou no sofá com um belo fone de ouvido (e funciona, viu, pricipalmente para as minhas crises de ansiedade).

Mas sinto que ainda não é o suficiente e por isso resolvi aprofundar um pouco mais sobre a meditação Mindfulness. O objetivo dessa meditação é fazer com que você se concentre ao presente. Nada de pensamentos do passado ou idéias para o futuro e sim o agora, neste exato segundo. Parece impossível, principalmente para nós Borders, mas acredito que a força de vontade e a prática podem nos ajudar. Então, segue abaixo um vídeo que encontrei no youtube bastante prático, explicando o básico do básico.



Entenda, em nossa condição já será um grande esforço se você começar tendo paciência com você mesmo. Você não precisar separar a tarde toda para colocar o exercício em prática, respeite os seus limites e comece devagar. Eu geralmente levo quase que 5min. para conseguir relaxar meu corpo (mandíbula, pescoço, ombro, braços, coluna, pernas e pés). Quando me sinto relaxada e em uma postura confortável viro a minha atenção para como está a respiração (geralmente sempre acelerada e curta...) e procuro alongar a inspiração bem devagar, puxando o ar pelo nariz, enchendo meus pulmões ao poucos. Você vai sentir seu tórax crescendo, subindo, se abrindo. Mantenho o ar preso por 2 ou 3 segundos (sem me preocupar de contar, apenas seguro o ar um pouquinho) e solto o ar pela boca fazendo minhas bochechas incharem, como se estivesse enchendo um balão, sem pressa do ar sair todo, mas empurrando pra fora todo ar de dentro.

Se você sentir tontura é porque está fazendo rápido demais. Talvez você consiga se concentrar em respirar dessa maneira 15 vezes, mas não se prenda a contar, apenas inspire e expire o mais lento que puder. Pode ser que algum som ou cheiro comece a chamar a sua atenção (uma buzina na rua, crianças brincando, um pássaro cantando, cheiro de um bolo assando ou da chuva...). Quando sua mente te levar a pensar sobre isso, traga a atenção para sua respiração novamente. Lembre-se, seja paciente com você mesma, você não é a única pessoa no mundo que se distrai ao meditar.

Às vezes ouvir uma música de fundo me ajuda a concentrar e me dá também uma noção do tempo que está passando, mas como aqui a intenção é não pensar em nada, não se preocupe com o tempo.

Não importa quanto tempo você consiga se manter neste estado, você não precisa provar nada pra ninguém. Seja generosa com você mesma, se parabenize por hoje conseguir ficar 8min, 1min ou 45segs, não importa! Ontem você nem sabia como meditar e hoje você já estava praticando. Você sabe que no momento em que a meditação se tornar uma obrigação, será mais uma das coisas pelo qual você irá se decepcionar, ficar frustrada e isso só te faz mal.

Imagine que se você mantiver durante 3 ou 4 dias o mesmo tempo que conseguiu na primeira vez já será um grande passo! Ou você pode alternar os dias e com certeza com o tempo terá incorporado uma nova prática à sua rotina. Eu tenho sérios problemas com rotina, simplesmente não consigo ter nenhuma. Mas entendo que certas coisas se forem feitas aos poucos diariamente ficam bem mais fáceis de administrar, do que simplesmente empurrar com a barriga e fazer depois com raiva ou com pressa.

Que tal, junto comigo, começar a criar uma rotina saudável simplesmente meditando? Eu vou iniciar este exercício hoje e com o tempo venho compartilhar como tem se desenvolvido.

Um beijo no coração de todos!

29 maio 2014

Era uma vez...

Transtorno de Personalidade Borderline

Já faz algum tempo que tenho esse plano de montar um site. Na verdade apenas 1 única vez consegui realmente colocar minha vontade em prática, todas as outras ficaram sem ser ultilizada até ho diagnosticadaje.
Eram blogs para meu trabalho ou para desabafo, mas este será o meu site de tratamento. Uma espécie de diário (que não será diário), com desabafos, histórias, confissões, leituras, um pouquinho de tudo.
Mas não tudo sobre o mundo e sim sobre mim.

Passei hoje o dia todo em preparação para o layout do blog, procurando imagens, dicas, editando, criando, tudo para que este blog tivesse um gostinho especial. Exclusivo ele não é mas tem um pouquinho das coisas que eu gosto.

Principalmente, esse blog foi criado para exorcisar meus monstros, dar voz ao que nem eu mesma entendo, encontrar palavras para tudo o que não consigo colocar para fora.

Em dezembro de 2013 fui diagnosticada pela minha psicóloga, com quem me trato há pelo menos 4 anos, com Transtorno de Personalidade Bosderline. Na verdade, estava em busca de médicos que me ajudassem com minhas crises de sonanbulismo e de insônia, já tinha passado por um neurologista que me encaminhou para fazer alguns exames de sangue e Eletroencefalograma e posteriormente me encaminhou para um psiquiatra para que ele pudesse me medicar e acompanhar melhor. Quando falei para minha psicóloga que iria a um psiquiatra ela enviou para ele uma guia com informações para meu tratamento. Na guia ela indicava: H.D. = F 60.3 Foi a primeira vez que tive contato com um diagnóstico específico. É claro que antes de entregar a guia para o psiquitra eu procurei no Google o que isso significava e encontrei a seguinte informação:

CID 10 F 60.3 – Transtorno de personalidade com instabilidade emocional

Nota: Transtorno de personalidade caracterizado por tendência nítida a agir de modo imprevisível sem consideração pelas conseqüências; humor imprevisível e caprichoso; tendência a acessos de cólera e uma incapacidade de controlar os comportamentos impulsivos; tendência a adotar um comportamento briguento e a entrar em conflito com os outros, particularmente quando os atos impulsivos são contrariados ou censurados. Dois tipos podem ser distintos: o tipo impulsivo, caracterizado principalmente por uma instabilidade emocional e falta de controle dos impulsos; e o tipo "borderline", caracterizado além disto por perturbações da auto-imagem, do estabelecimento de projetos e das preferências pessoais, por uma sensação crônica de vacuidade, por relações interpessoais intensas e instáveis e por uma tendência a adotar um comportamento autodestrutivo, compreendendo tentativas de suicídio e gestos suicidas.
 Inclui:
Personalidade (transtorno da):- agressiva- "borderline"- explosiva

Se eu tivesse que escrever um texto para meu perfil este seria mais do que perfeito. Mas eu nunca tinha ouvido falar sobre nenhum Transtorno, muito menos de Personalidade, quem dirá então sobre Borderline. Mas ao mesmo tempo que foi frustrante também foi libertador. Sempre tive um perfil de fuçar muito sobre coisas que tenho curiosidade de aprender e a partir de então passei a devorar livros, blogs, PDFs de pesquisas e com isso encontrei outras pessoas com o mesmo problema. Encontrei também resposta para muitas coisas que nunca consegui explicar e venho desde então tentado assumir mais responsabilidade sobre tudo o que hoje faz parte do meu mundo.

Atualmente estou em fase de regulação dos meus medicamentos. Faço terapia toda segunda-feira e tenho passado com psiquiatra a cada 15 dias. Tomo Venlafaxina 150gr por dia e Quetiapina 100gr toda a noite para poder dormir e regular minha impulsividade e agressividade.

E confesso, já quis parar com as consultas com o psiquiatra, já joguei todos meus remédios no lixo, já abandonei a terapia... foi pior, sofri as consequência de ficar sem tomar os remédios, sofri as consequências de voltar a tomar os remédios, voltei para o consultório médico contando sobre meus impulsos, voltei para a terapia totalmente perdida, quase perdendo todos os avanços alcançados em anos naquele sofá. Mas desde a infância aprendi que remédio não é gostoso mas tem que tomar e tudo isso faz parte do meu tratamento.

Hoje entendo que estes 3 pontos: Terapia, acompanhamento médico e remédios são a base de qualquer tratamento, é só o começo. Claro que existem uma série de outras contribuições que podemos encontrar, mas como complementos ao tratamento em si. Eu mesma estou doida para aprender Yoga e a meditar, ainda não fui atrás de um hobbie e encontrei um trabalho onde  posso adaptar conforme os meus altos e baixos das crises de ansiedade e depressão.

Não penso mais "quando tudo isso vai acabar", entendi que sou assim e preciso em primeiro lugar me aceitar e me cuidar. Assim como cada um de nós.

Quero dedicar este espaço á compartilhar experiencias, desabafos, tratamentos, conquistas, angustias, dúvidas, medos, tudo o que envolve este universo sobre o Transtorno de Personalidade Borderline.